quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Contato/Com tato



Prezado sr. Edson, ou Elso, ou será Élcio, ou talvez Eurico ? Sinto, sinceramente não sei ! À parte essa dúvida, abordemos a certeza que se aponta: é preciso providência quanto ao estado das coisas de sua habitação. Estou ciente de estar vaga, desabitada, aguardando venda. Procede, ainda assim, o que se segue.

Acompanho, com pesar, o bater e apanhar constante em sua casa. Noturnamente mais frequente. Comunico-lhe, imaginando que não saiba: é o quero acreditar. Doutro modo, o assunto se assoberba, toma vulto ainda maior.

Ocorre que as noites, sempre antes serenas, têm sido estressantes por conta de embate contundente entre suas portas e batentes. É repetido, alto, relevante o som da peleja que reverbera, sobrepujando-lhe as cercanias, indo além dessas paredes. Excedendo, ultrapassando o quinto andar, impedem o dormir, fazem acordar.

As brigas, grandes, acontecem em fases, a intervalos de algum silêncio, muito barulho, bastante ação. Os gritos são veementes. Ecoam, insistentes, em luta acirrada, brutal. Diria, até doente. E as dores, que não me parecem delas nem devem ser suas, quem sente ?

É fato que não há como extinguir o vento... cujo assovio, per se, sozinho, sequer soa mal !... Mas ouvi-lo exaltado, acompanhá-lo às madrugadas, à revelia, entre tapas, pancadas, murros, urros... ah, isso é mortal ! Sim, porque o som que surge, que sobe, assassina o sono. Roubando o silêncio, assalta a paciência, até

Esse digladiar de portas, que quero crer não premeditado, possivelmente seja apenas resultado de ato de falta, omissão inconsciente. Prefiro, claro, acreditar em descaso, displicência, desleixo... inobservação sua somente. Causa o mesmo, a qualquer modo, inequívoco desgosto, demandando providências... a sanar tais ocorrências em ação imperativa.

Segue o apelo, antes de mais pesar, no intuito de evitar, evidentemente, possíveis discussões desnecessárias, repercussões acessórias, qualquer forma de confrontação. Solicito ao assunto a atenção devida, alguma dedicação.

Independentemente de prezar quem more abaixo, acima ou durma ao lado, faz-se urgente uma diligência. Peço que, se não pelos vizinhos, atente ao próprio patrimônio, procedendo a ágil ação. Esse imóvel pede, grita, bate, apanha... por manutenção.

Sabendo-o pastor, ser temente a Deus, rogo ao menos que ajuste, feche as portas... em nome da santa paz.