quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Namoro de cinzas



Ele, que me encanta, assustaria...
Se afoita fosse a seu encontro.

Ele, que me pacifica, provavelmente despertaria pânico,
Subtrairia meu silêncio,
Instalaria inquietude, cessaria a ponderação.

Ele, que me seduz, e abraçando aviva,
Provavelmente me envolveria em sua maré de fúria.
Mataria-me,
Afundada em seus conflitos,
Afogada em agitação.

Observo-o, como sempre, atentamente.
Acompanho sua dança, seu canto,
Contemplando seu mover nervoso,
Seu conversar com o vento.

Revoltado, ergue o tom,
Põe -se de pé, pulsa e avança,
Em vagas imensas, impressionantes,
Espumando, indócil,
Diante da amante.

Ele, que me tira o fôlego, me assaltaria o ar,
E roubando equilíbrio, facilmente faria funeral.

Permaneço à distância, enlevada de longe...
Esperando que o mar amanse,
Que a ressaca passe,
Sopre as cinzas, depois do carnaval.