quarta-feira, 23 de maio de 2018

Um arco-íris



Não se passa um dia sem que me venha à lembrança.
Sem que sorria sozinha, catapultada a um momento ternamente engraçado...
ou que sinta o peito apertado, levada por uma palavra, um hábito incorporado...
conduzida a uma cena, um passeio, um destino desfrutado a dois.

Da leitura de um livro a um filme que, assistido agora a sós, sei que gostaria também de ter visto... e que teríamos comentado, discutido em duo, chorado em parceria.
Revejo seu olhar marejado, silencioso, enquanto eu soluçava.
Ou admirado enquanto eu escrevia, trabalhava, dançava, fotografava, caminhava... corria.
Relembro seu estado indignado diante da política torpe daquele tempo... que não mudou.
Entre tannnntas outras inúmeras lembranças nítidas !

Enquanto a vida caminha, a passos largos de ânimo renovado, não me perco do passado que tanto preencheu-nos de alegrias.

Não se passa um dia sem que o sinta, que não experimente interiormente ainda um pouco da muita intensidade das vivências de par.
E que ele não viva, invisível, em mim, pulsátil ao peito da memória... como um pote d'ouro.

Como pode alguém entrar, compor algo conosco, sair... e mesmo assim, ficar ?

Saudade !
Quem, um dia, conseguiu condensar numa só palavra tamanha soma de sentimentos ?
Três sílabas que exprimem o preço a pagar por amar.

Pronuncio-a, hoje, com as cores do arco-íris.