segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Depois das doze badaladas



Já padeci da apreensão de perder a carruagem,
De ouvir as doze badaladas e desabalar escada abaixo.
Já me apressei para não perder os sapatinhos,
Temendo transformar-me em abóbora.
Isso não me amarga muito mais.

Percebi que se converter-me nesse fruto
Posso fazer-me doce, aproveitando inclusive a casca,
Tal como as sementes...
Plantando nutrientes em mim.

Então, ando.
Tudo que corri teve seu tempo, fez seu sentido.
Época de procurar apenas fora se foi...
Porque parece que viajar não é só isso,
Mas uma soma maior.
Pesca: uma procura mais profunda.
De compreender, captar para compor-se.

Comporta olhar de agregar, ato de atar,
Converter um no outro.
Evidenciar a interligação de tudo.

Por universo de fora, alcanço, toco o interior.
Entendo o laço, congraço os dois que,
Em verdade, são um só:
Reflexos, faces de algo único.

Sons, imagens, silêncios... do mundo
Levam-me ao fundo de mim.
Catapultam-me, em conexão de informação,
Por sentimento.

O que está fora está dentro...
Em diversas versões.

Então, ando...
Apreciando mais as paisagens de pessoas,
Perspectivas, panoramas... de situações,
Contextos... estados de instantes.
Apreendendo naturezas não expostas,
Vislumbrando, entrevendo inevidências.

Uma viagem íntima que apenas começou.

Céu, solo... você e tudo que os encerra,
Tão cheios de segredos, de mistérios,
São estradas,
Caminhos... a me dar destino.
Meios de me ajudar...
A me mostrar quem sou.
Plural.