quinta-feira, 2 de julho de 2015
Touché !
Sabe aqueles dias em que o dia não anda ? Tão estranhos e esquisitos quanto aqueles em que ele corre. Em ambos algo não cabe direito, seja por falta ou por excesso, exclamação ou dúvida demais. Há algo errado, uma lacuna, um espaço equivocado. Ou será o tempo, ou a tarefa, ou mais ? Os dois ?!
Ora, pois. Dia que não anda, enrola. Embola de deixar bêbado, zonzo, sem norte, sem rumo, perdido. O nome disso ? Ânsia, espinho, frenesi, inquietação ?! Ou ansiedade, ou incompletude... ou lá sabe-se o quê ! Porque se a gente soubesse teria pista do suspeito, indícios de onde procurar, do que tratar, o que fazer.
Por onde começar, como ir bem, além, se o presente é pergunta, terreno ocupado por obstáculo de interrogação ? Para questão sem endereço, problema desconhecido, como dar solução ? De que forma, de que jeito ?
Dia assim não tem rima, não tem sorriso, vem com defeito... e não tem devolução. Pode reclamar, xingar, é seu direito... mas também não adianta: resolve, não.
Dia assim, meio torto sem ser do avesso, em marcha lenta, impacienta. Há algo em falta, há algo em excesso, fora do prumo, aquém do ponto: fica a dever. Não se preenche, não se perfuma, não tem sabor, peca na cor. Evidente só uma ausência, alguma sorte de carência que - grande azar ! - mal trata, somente engana, gera dor.
Preferível dia que sobra, que derruba, que derrama, que transborda... que escorre e nem se vê.
Preferível dia que corre, em que se mata, em que se morre... mas, ao menos, sem ser vazio, identifica-se um porquê.
Percorre-se dúvida e sobe-se escada. E desce-se escada, pra subir de novo, descer outra vez. E abre-se porta, e abre-se livro, e abre-se tampa, e abre-se... nada: ideia nenhuma, necas de eureca ! Zero aparece, nem uma pista. Coisa alguma parece resolver. E fecha-se porta, e fecha-se livro, e fecha-se tampa... pra começar a escrever.
E o mar acalma, e a onda avança, e o monstro amansa...
E, depois do sacolejo dessa dança, há bonança... e você, que viu e sentiu nada, lê.
E dia que não anda, desliza. Termina com rima... e sorriso. Touché !