sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Doce é o sabor...



Adoro um doce ! E quem não gosta ?! Nem precisa ter açúcar... se vier de afeto. Nem carece ser melado, se contiver doçura, seu sabor... emocional. Entretanto, o branco, alimentício, para a carne caloria vazia, é substância inegável de alegria. Açúcar, de todas as formas, nos enche de prazer !

Ahhh, comer, lambuzar-se de sabor adocicado é o menor e talvez o melhor pecado !... Dependendo, claro, de sujeito e predicado, verbo e tempo da oração. Hummmm ! Quem pode negar se regalar quando a boca descobre, em salivação abundante, esse estouro de delícia ?!

A substância adentra papilas e segue mais fundo, abarca o íntimo do ser. Desperta deleite instantâneo, numa mistura de excitação e calmaria. Por um instante o tempo pára para dar lugar a percepções aparentemente divergentes que concorrem sem competir. Ao contrário, querem coexistir. E talvez, por isso mesmo, conquistem tanto. Aos bocados, produzem, levam, trazem algum encanto... sem varinha de condão. Excitação e analgesia, entusiasmo e tranquilidade. Pode haver melhor combinação ?!

Fácil explicar, assim, porque se cai de boca num sorvete, numa torta de coco, num pé-de-moleque, em pudim de leite condensado... que condensam facilmente, em fatias, às colheradas, o que se espera do paraíso. Aaaaai, meu Deus ! Não é o céu, por um instante ?!

Fácil explicar, assim, porque isso vai ao excesso, em grannndes doses, principalmente quando ente está carente, com demandas mais profundas, invisíveis ou patentes, sérias ou não. Nesse contexto, mal se percebe e a mão o alcançou. Ser nem se dá conta... e o vento levou... para dentro de si. Nem se nota e a boca o recebeu, já devorou. Ainda que disfarçado, vestido de salgado... que no escuro do sangue será açúcar também. Ah, o pão nosso de cada dia, as pizzas das noites !... As guloseimas coloridas, as caixas de chocolates !... Todos especialmente mais ansiados em fases de "vazios" ou momentos acalorados, recheados de dissabor, por desejosos de calor... humano, mesmo.

Não que outros sabores, por si só, não nos agradem... mas o doce é "denso", contém mais. Sua bagagem é de bastante informação. Além de sustentar carne, supre o que nos move além: a danada da emoção. Mesmo os grandes apreciadores do salgado, não sendo super fãs do melado, carecem do adocicado também. Enquanto o corpo tem lá suas necessidades, digamos, mais objetivas, a psique se sustenta sob panos mais sutis.

A vida vai ditando o que deveríamos fazer, de fora para dentro, enquanto algo, de dentro pra fora, vai dizendo o que fazer da gente a cada instante diferente. Vamos absorvendo, sem sala de aula em escola, sem muito pronta consciência, que ausências são professores de importâncias. E, como consequência, que presenças e sabores têm seus valores atribuídos assim, podendo ter pesos e gostos diferentes pra você e para mim.

Como conceber alegria, sem saber da tristeza ? Como valorar a saúde sem conhecer a dor ? Até os paladares se alternam contemplando ofertas e necessidades diversas.

Adoro um doce !... Móvel, imóvel, etéreo, palpável, comestível, contemplável... de todos os tipos, tamanhos, formatos e cores... com uma queda especial pelos ambulantes de duas pernas. Adoro um doce !... Porque tristeza azeda, mágoa amarga. Todo doce alegra... momentanea-mente o coração.

E o que é a vida senão momentos ?!

Pois que sejam doces... de gestos, palavras, olhares, carinhos, delicadezas, afeto ! Que se viva movido a doces-esforços-concentrados para promover momentos refinados de saborosas sensações.