segunda-feira, 24 de agosto de 2015
Basta de isopor !
Que desprazer, desserviço ao sabor, comer todo esse isopor ! É a sensação que passa a maior parte das frutas não passas, secas, ou por processo concentradas. O gosto do sem gosto tomou as gôndolas, invadiu prateleiras, saído de lavouras, hortas, pomares. Frutas e legumes mantêm forma, mantêm nome, têm até mais variedades... mas é só. Alguns sem, sequer, cor. Pálidos, anêmicos, aguados... e o sabor minguado. Tudo chuchu não temperado !
Onde comprar ? Vou à feira, vario supermercado. Carrinho até vem cheio, carregado de esperança... e descarrego frustração. Olho pra goiaba, ante a qual babava, e o que mordo é miolo, muita semente... e mais nada, literalmente. Terão os modismos da indústria alimentícia contaminado as plantações ? Zero açúcar, zero gordura... e zero paladar, zero gostosura... no que, por natureza, era satisfação !
Dificilmente saía de supermercado sem abocanhar fruta qualquer. Fazia as compras já comendo, sorvendo, antes, com os olhos, aos suspiros de "quero mais". Salivando ansiosa, antecipava deleite da mordida, que não passava do além caixa. Degustava o abstrato mesmo antes do concreto, multiplicando momentos doces, derivados, inerentes ao apetite.
Ainda olho, namoro tudo, estimulada por volumes, tamanhos, formas... frequentemente falsos de sabor. A propaganda, enganosa, ainda é basta e não sustenta. Não entrega o que promete. Não me farto do que é farto: ilusão. Ingiro doses, repetidas, é de decepção.
Mamão não tem gosto. Maçã tem gosto de nada. Cenoura, de coisa nenhuma. Tomate, de patavina. E assim vai !... As fontes daquele açúcar que saciava seguem só calorias vazias. Onde foi parar o prazer ? Onde mora, agora, o deleite ? Nos biscoitos recheados ?! Nos produtos industrializados, saturados de aromatizantes, conservantes, espessantes... de doenças ?!
Tudo é casca, aparência... que estraga fácil, e tem semente que não nasce. Miolo decente, que é bom, nem no pão. Que de integral só leva o rótulo e o plástico que o embala, enriquecido de vitaminas... de utopia, mais sais de quimera. Me engana, que eu gosto... é de vegetal de verdade, que não sei mais onde encontrar. Triste meu desjejum com papaia pobre ! Tristes os lanches que eram fruta e são fake, gritando por adoçante para enganar paladar !
Mercado se move para aumentar produção, rendimento, atender à demanda de volume e madura o verde à força. Encaixa banana marrenta, soma química, dá banho de sabão, acrescenta brilho, agiganta... ilusão. E conduz à mesa essa tristeza que aí está. Ludibria o olhar e aplaca o prazer, antes tão mais denso, natural.
Quero comer com gosto, cair de boca, com deleite. Abocanhar com prazer, feito animal. Abaixo o efeito Mc Donalds no reino vegetal !