terça-feira, 27 de fevereiro de 2018
Quantos anos você tem ?
A resposta é rápida, instantânea, normalmente. Assertiva, assinalando os anos transcorridos desde o nascimento. Talvez possa ser revista, sob outros ângulos, produzindo mais proveito.
Diz-se que Galileu Galilei respondia a essa interrogação com anos estimados adiante, sua expectativa de futuro. É uma ideia interessante. Iria, eu, ainda, um pouco além.
Essas respostas, essencialmente cronológicas, de modo algum indicam tempo de vida, mas de existência: quanto um corpo "passa por aqui". Mas quanto desse tempo realmente eu vivi ? E você ? Sabe dizer ?
À medida que avançamos meditamos mais sobre assuntos que nos pareciam desimportantes ou triviais. À medida que a carne passa a estampar dobras, vincos, marcas amarelas, sofrer efeitos gravitacionais, alguns tópicos ascendem ao olimpo das importâncias, deixam de ser banais. É o caso da quantidade e qualidade do tempo.
Percebe-se que ele, que antes engatinhava, passa a andar e então a correr e então disparar. Assim mesmo, sem pausas, sem parada, sem vírgulas. E está dada a largada em busca do tempo perdido. E inicia-se a luta para tentar detê-lo, freá-lo. Com menos pernas, menos vigor, menos força física, começamos uma corrida maluca em seu encalço, buscando recuperar o que passou despercebido, superar o passado mal-usado, ansiando dar a volta na vida que não volta.
Uma estimativa Galileia da existência como a presumimos - não mais que uma aposta arriscada, jamais acurada - pode de algum modo nos servir, ligando alarmes, acendendo as luzes, chamando à atenção.
Quantos anos você tem - analisando por esse prisma - coloca à consciência a finitude. O que tende a alterar nossa atitude em relação ao usufruto do agora e do que pode estar por vir. Se posso ter pouco, ou nem tanto, pela frente, é ainda mais prudente selecionar investimentos e desfrutar melhor o presente: onde e só onde há poder.
Desde mais nova este ser dedica um olhar "velho" a esse aspecto do viver. Não sabendo, jamais, o que pode acontecer à frente, anda consumindo presente com bastante intensidade, do melhor modo que permitem as condições de temperatura e pressão.
Mastigar com vagar, apreciar um momento com tento, transforma seu sabor, transforma seu teor: intensifica, expande a experiência... e o paladar do tempo. Dá mais gosto viver !
Assim, saboreando qualidade, altera-se a noção de corrida para desfrute. A pressa é inimiga da apreciação.
Sugiro, independente de como penda sua balança de idade atualmente, acerte os ponteiros do seu relógio para marcar presente. Aprecie seu possível, profundamente.
E ame sem moderação.