sexta-feira, 4 de maio de 2018

Do namorar



Abro as manhãs em abraço.
Entrego meu corpo,
Permito-me envolver,
Completa-mente.
Cedo, a sós, ele é meu, eu sou sua...
Quase nua.

Seu som é meu silêncio... e vício.
Ele canta, eu escuto.
Questiono-o em pensamentos.
Então, muito me revela, sem palavra.
Age, é gestos.
Molha-me a pele, inunda-me o olhar,
Num navegar sem barco, conduzir por sentir...
En-levada por seus sopros... e sussurros.

À tarde, tudo muda.
O encontro é à distância: o contemplo.
É platônico.
Assisto à sua dança, da cadeira, à areia...
Ou à janela, de alto andar.
Me encanta, mesmo modo, tal sereia...
Com seu canto de água e ar.
E me toca... sem tocar.

À noite, me Nina no escuro.
Embala o sono... e faz sonhar.