quarta-feira, 4 de julho de 2018

Museu de história natural



A porta de entrada acaba de ser pintada. A sala de ingresso ganhou alguma maquilagem: colagens, criações, invenções de meNina, ultimamente motivada a mudanças também ambientais. São simplicidades. Toques discretos, pequenas alterações na disposição de objetos... e ares locais.

Ahhh, lar, doce lar ! Não somente um lugar onde morar, um teto, um habitat, mas um ninho de carinho. Tudo tem trama, notícia, novela. O pregresso é patente. Tudo tem sentido, significado: o peso do apreço. Tudo é importante, tudo é precioso, ainda que sem grandezas de cifrões.

As paredes estão encobertas de história às claras. Aparadores, mesas... armários, tudo acomoda memórias. Mudos de palavras, são oradores crônicos, tagarelas como a residente.
Todo espaço é de pedaços seus, porções de passado, expressões de experiências, espelhos do peito.

Cada pequena peça conta um conto. Cada canto canta um tanto de suas odes, mostra melodias da alma da meNina. Tudo é miniatura de momentos e pessoas. Nada é apenas aparência, nada é só decoração. Tudo representa-ação, tudo recorda-ação, revelando valores, aromas interiores, importando pelo que porta de lembrança e emoção.

Tudo é amostra de fortuna, vestígio de venturas... e nada tem valor de venda. Riqueza intangível, matéria de abstrações: itens que se transcendem. Coisas que não são coisas, mas capítulos, páginas de passeios reais. Tudo é texto imaginado, tornado ilustração, alegoria, metáfora. Não tem preço !

Peças prosas que con-versam, sussurram segredos, armazenam mistério, declamam poesia de biografia. Dançam passos de pretérito, dando pistas de importâncias. Assim, o ausente é evidente, integrante de presente.

Parte do que se deu assentou nesse espaço. Descansou de ser sujeito e é, então, objeto indireto de verbos já conjugados. Personagens de passado, veios de visitar vida, veias por onde ainda circulam impressões e emoções de outrora.

Paredes, aparadores & companhia têm pingos de viagens, bocados de bagagens, mundos de vivências transparecendo ser em sua senda de viver.

Esta é uma casa de causos. Templo que tem algo a dizer de quem muito fala e de quem já se calou. Museu que mostra meNina. Mais que morada, é um lar... que tem muito o que contar.


De portas abertas a quem for do bem !