quinta-feira, 8 de novembro de 2018
Novamente de volta ao front
Fácil ficar feliz de férias, envolvido em lindezas, bebendo belezas...
Sem deveres, compromissado só consigo,
Atarefado de passeios optados, cercado de entes escolhidos.
Mas felicidade mesmo, de verdade, é conquistada em casa,
Construindo cotidiano, tratando com rotina...
Descascando abacaxis, pelando pepinos, gerindo problemas,
Administrando pessoas inevitáveis, assuntos impreteríveis.
Pelejando com convívios, e faltas e excessos, e silêncios e balbúrdias...
Funcionando, equilibrado, em malabares de sentimentos e razão.
Pois se procuro passeios para me embeber, me alimentar,
E me somar... e absorver... e pra sonhar de pé no aqui,
Preciso andar, ainda melhor, no próprio chão.
Aparar arestas, arredondar o meu quadrado,
Fazer afortunado o próprio espaço, ET ou não.
Dedicar-me à urdidura dos dias com delicadeza
Para tecê-los leves de vestir.
Tentar tornar o costumeiro menos cansativo e tedioso,
Transformar o rotineiro em rico, intenso... e sem tensão.
Em minha morada, estar de bem comigo, com o próprio umbigo,
Para viver com cor as primaveras... e invernos e verões,
Afinando relações e tudo mais a meu redor.
Mais ditoso que adestrar o eventual é ser maestro do diário,
Trovar bem o habitual,
Versar com leveza o pão nosso de cada dia.
Os seres com quem convivo são sinfonia a concertar.
O ambiente que habito é que mais devo harmonizar.
As relações cotidianas às que melhor me dedicar.
E de meu ninho fazer lar...
Pra convidar você.
Porque é nessa realidade que sou feliz de verdade.
O mais é sonho... por ventura tornado dádiva, real... eventualmente.
Mas que não faz feijão, substância da minha sopa, comida que me sustenta.