sexta-feira, 23 de novembro de 2018
Da mochila de viver
Não me agrada andar com muito peso,
Carregar mala, coisa além da conta do imprescindível, fundamental.
Não me apraz arrastar arcas, empurrar apetrechos, transportar trambolhos.
Bagagem tem de ser leve, de interesses escolhidos a dedo,
Conteúdo que permita caminhar com leveza. E agilidade, se necessário for.
Opto por portar boas memórias: bens, riquezas.
E ir deixando - o mais rapidamente possível - o negativo para trás.
Temos todos, aqui ou acolá, alguns pensamentos pedra, experiências ásperas.
Carregamos alguns sentimentos rochosos, pontiagudos... que nos desgastam,
Embru-tecendo-nos um tanto. É natural.
Não natural é apegar-nos a eles, agarrar angustias, guardar orgulhos,
Arrastar raivas... alimentar medos: posses que pesam por demais.
Opto por viver tudo... mas acomodar em mim apenas o mais doce,
Conservar o mais leve, lembrar, deixar sobreviver, beber o bonito.
Não quero caminhar encurvada, dolorida, pesada, reclamona, queixosa...
Arcando com carga descabida, possível de eleger.
Que existência pode, assim, ser saborosa ?
De você, da vida, de nós... prefiro conservar, adoto conter, levar
Só o que me somar... e, então, fizer sorrir.
Memórias, sentimentos devem ser bagagem que nos sirva, acrescente
... sem agregar perecimento.
Ou é inteligente maltratar-se, torturar-se, martirizar-se
Nos impondo o que é passado, rebocando o incômodo...
Que se pode deixar pelo caminho ???
Eu quero é espaço pra por presente !
E bem escolhido !... Pra não pesar.