quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Socoooorro, again !



Sou eu de novo, acalorada ! O verão nem começou e já estou mole, detonada. Já durmo só com lençol, que não pára, desce aos pés, dança às pampas às madrugadas. Já desperto antes da hora. Sol me expulsa, me acorda bem mais cedo - uma fera ! Aponta, forte, pelo vidro da janela, quer entrar pela sacada.

Mas eu tento, não me entrego, não desisto. Raia o dia e já estou na academia, que altera nome pra estufa, toda paredes de vidro que é. E eu que nem sou flor, branca, pouco rosada, me avermelho, vou ao roxo, esquentada, incandescente. Termino meio murcha, despetalada... quando era pra me botar bem serelepe, mais animada, a pleno vapor.

Não dá, fico com dor. Nem é de corpo, que até dá conta. Mas de cabeça: me deixa tonta. A fronte dói, pulsa, me mói. Sinais senis ? De superaquecimento ? Um passo pra fundir motor ? Urgente, gente, sossega esse El Niño, me leva pra Patagônia, pra um balcão frigorífico, prum meeega-congelador !

É só comigo esse problema ? Radiador antigo, sistema de refrigeração ultrapassado ? É fato que viro, desviro, passo da medida, esquento demais, fico estragada. Eu, crua, ando, assim, bem mal-passada. Cozida viva, estou é frita. Ou é assada ?!

A pressão cai... e eu que levante ! Segura, peão, que vou rodar. Tudo gira e giro junto. O mundo muda e muda eu fico. O que não é fácil: falar é comigo ! E não é que o calor me cala ?! Até conseguir me recompor, vestida de gente novamente, vai assopro, gelo na testa, ventilador ! E que sorriso eu visto desse jeito ? Assim, não tem que caiba em mim. E de alegria lá se foi meu manequim !

E a plenitude de viver, e toda aquela história de atenção ao presente, estar inteira aqui, completa-mente ? Ah, a mente até que poderia ficar, mas o corpinho - este, feito pro pecado do prazer - quer mesmo é ser transportado pra bemmmm longe deste lugar. Extraditado pra local fresco, além dos trópicos, acima do equador ou pra uma zona polar. Ahhh, deste presente quente, amostra de deserto ardente, quero nem pacote nem fita, agradeço o sumiço.

Estou pensando se-ri-a-men-te em me mudar. Troco apartamento bom, aqui, em filial do inferno, por quitinete no Alasca. Alguém quer negociar ? Não é piada. Alargar horizontes, expandir fronteiras não é sempre uma boa ?! Então, por que não fazer amigos na Groenlândia, dividir apê com pinguim ?! Eles já são tão elegantes ! Se for um bem charmoso, boa praça, tá pra mim ! Estou topando até passagem só de ida, ser tradutor de esquimó por casa e comida. Tá sabendo de algo assim ?

Por favor, pára esse trem de calor, que eu quero descer ! Careço de frio, vento, frescor pra viver. Que já sou quente, paixão, chama, brasa ambulante, fogo suficiente. Não dou conta nem de mim. Dependo de ar !... Condicionado, não vai ser fácil pagar. O que fazer, pra onde correr ? Quero frio, quero brisa, queeeero água ! Piscina, tanque, ducha, banheira, chuva: cabeça sob a torneira, mergulhada, toda, tarde a fora, noite inteira.

Calor, só de carinho, beijo, abraço. Ahhh, também vale de amasso !... Desde que seja de amor.

No mais, socooooro ! Acode euzinha, por favor !