quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Voz do coração



É muuuuito bom ouvir com o olhar do coração ! Entranhar direito, só mesmo o que é dito com o peito ! Não acredito em outra forma de comunicação. De outro modo falamos bastante... dizendo pouco. O circuito da mente à boca é bastante limitado. Indica, aponta, pondera... pobremente. Ao não agregar teor interior mais profundo, veicula informação... e mais nada. 

Só coração comunica: faz ponte... e penetra. Entrega pacote completo, produto integral. A voz de dentro leva, sabe propagar, fazer chegar. Transmite sem esforço, fluentemente. Percorre espaços não importando distâncias. Irradia-se qual luz. O tom da emoção conversa, não discursa: conecta. É o que frequentemente nos falta para o melhor entendimento. 


Adoramos anunciar, noticiar. Ambicionamos ter razão, dirigir, dominar, controlar... e nos esquecemos de que não é isso que realmente importa. Não às boas relações. Não às boas relações afetivas. Nessa esfera a consonância se dá quando a interação é direta, em linha reta, à mesma frequência. Quando um olhar encontra outro olhar num mesmo andar... e o acolhe. Não há espaço para sobreposições. Não há lugar para hierarquia. Ao contrário, daí surge sintonia. Assim nasce a harmonia.


Quando uma mensagem adentra, adere, desperta... é porque foi emitida com notas de emoção. É porque percorreu um caminho que não o da verborragia, da oratória vazia, da retórica da razão. Esta tem muito a informar... mas pouco poder de contágio, poucas chances de morar na memória, de ter lar na lembrança, a despeito dos tempos. 


É possível detectar a emoção no falar. Isso é fácil. Entonações ondulam as sentenças, drapeiam as palavras, palpitam os sentidos. Têm o poder de convertê-las em versos, adicionar-lhes perfume de poesia...ou transformá-las em orações. Podem portar o próprio coração... sem deslocá-lo. Remetê-lo lonnnge, transpondo barreiras concretas pelas
vias virtuais da melodia.

É possível saber quando algo foi escrito pelas mãos dos sentimentos. Nem sempre é simples de relance, ao primeiro movimento. Às vezes o ânimo emanado custa um pouco a assentar, tarda um tanto a pousar, demora a amoldar-se dentro do leitor, ter-lhe assento... a depender de seu sistema operacional. Além, claro, da frequência em que funciona, do estado em que está, da fase por que passa, do momento em que se encontra

De algum modo, contudo, a algum tempo... a emoção o alcança. Às vezes, ao olhar para trás, percebe inflexões na falta, pesos na ausência. Lê o que não ouviu, vê o que passou... despercebido. As formas de falar da emoção são muitas. As capacidades auditivas e enxergantes também são diversas. O que é certo é que a emoção é poderosa. Sempre encontra vias e tempos próprios de fazer-se conhecer, comunicar.

O que você fala com o coração infalivelmente atinge o meu. E quando não o encontra de portas abertas, com a sala arrumada, imediatamente pronto a recebê-lo, convida o tempo a acompanhá-lo em outras visitas, adiante, no espaço de outra etapa, em uma nova estação. 

Todo som do coração um dia ecoa.