quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Saber ? Maaais !



Qual, como é, de onde vem nosso saber ? O que nos faz é o que nos fez a educação. Não ?
O que professamos é produto de alguma experiência... mas de muita não testada informação.
O volume de dados recebidos ao longo da vida é tamanho que impossível a comprovação pelo exercício, de fato. Grande parte do que admitimos e acatamos é fruto de parecer alheio, premissas particulares ou meras conjecturas... transmitidas como máximas, acolhidas como legados.

Tomamos por certo o que nos foi ensinado, introjetado, colocado em mente paulatinamente, desde a fresca infância. A partir do que comunicaram pais, professores, mídia, mundo. A princípio, é verdade a realidade anterior, que tem idade. A aceitação do novo demanda contundência, insistência, a chancela da ciência, gerada pela própria cultura.

Tendemos a achar bobagem o que não compõe nossa bagagem. O estranho, diferente, é uma tolice. Quem disse ? Explicações que vêm de sociedades distintas, oriundas de universos dessemelhantes, diversos, frequentemente são vistas como frágeis ou exóticas, excêntricas. Tidas como quimeras, viagens, fosforilações. O que nossa cultura não carimba não tem visto de verdade.

Mas por que o que eu aprendi é mais verdade do que aprendeu um tailandês ? Ou um esquimó, índio... ou chinês ? Quem nasceu no Nepal cresceu nutrido por princípios, dogmas, leis, informações que não são as minhas. Quem cresceu na Índia foi tutelado, atendido, medicado, curado a partir de preceitos que não foram os assimilados por mim. Quem envelheceu no Japão foi alimentado por comida diferente, cuidado por noções de saúde díspares das nossas. Qual saber sabe melhor ?

Enquanto no ocidente consideramos relações de causa e efeito entre órgãos e sistemas, explicando patologias a partir de falhas fisiológicas mensuráveis, orientais aceitam os distúrbios da saúde como desajustes de energia. Mapeiam corpos por meridianos, caminhos de chi..., o que parece impossível à mentalidade daqui. E não temos, todos, vida ?! Qual saber é o que sabe ?

Pois talvez a verdade seja que nos adestramos. Sancionamos o que praticamos, o que é próximo, o que não nos causa estranheza e desconforto: o que nos incute nossa cultura, o que é doutrinado pela educação. Somos catequizados, sem muita resistência. Como consequência, temos forte tendência a rechaçar a vivência do outro, a lavra do outro, a sabedoria do outro... como se nos fizessem menores, piores... ou simplesmente esquisitos.

Estar aberta ao que não sei, passear pelo que desconheço, viajar pelo diferente me estimula enormemente. O crer de outras culturas, o agir de outros povos despertam curiosidade imensa. O que pode haver por trás dessas cortinas ? O que se dá nos bastidores ? Fechar-se, restringir-se ao evidente ou tão somente comprovado cientificamente, pode ser aprisionar-se, não enricar... e mesmo empobrecer.

O mundo é muito mais do que vejo e do que posso supor. Muito maior do que ousam querer saber por mim. Sou ser limitado... também por minha formação. Excitado pela exploração. Ente crente inclusive no impalpável... como o poder da emoção. Como refutar o etéreo, imaterial ? Ou o vento, intangível e sensível, não é real ?!

No século XVI alguém já dizia que há muito mais entre o céu e a terra do que pode supor nossa vã filosofia. Nosso saber parece ser apenas um pouco de areia, numa praia pequena... a beirar a imensidão do mar.