domingo, 8 de abril de 2018

Autenticamente



Dizer o que se sente nem sempre é dizer o que se deveria,
o que é esperado que se diga, o que é útil que se fale.
Purga, depura. Mas demanda ponderações.

Dizer o que se sente, não atropelando o outro,
permite-nos andar mais leves num mundo d'entes de armaduras que,
em proteções polidas, reluzentes mas pouco flexíveis, marcham, pesados,
atritando, rangendo... densos, tensos.

Dizer o que porta o peito, põe-nos a plenos pulmões, arejados,
Libertos, desobrigados de pesos impróprios de conter, dispensáveis de arrastar.
É deixar de ruminar, remoer... e adoecer.

Dizer o que coração contém coloca-nos presentes,
dando espaço a trocas importantes,
ao apurar de ser e conviver,
ao cultivar do bem...das relações.

É libertador ser o ser, não atuar.
É libertador estar no estar inteiro,
Tempo a tempo, renovando as emoções.

Apaga mágoas, mina remorsos, espanta culpas.
Pode prover perdão.
Só persiste o que se permitir.

Dizer o que se sente, com respeito,
É meio e via de direito
No dever de procurar viver leve.