segunda-feira, 9 de abril de 2018

Preciso de...



Preciso de um porto. Estância em que possa ancorar... sem ficar presa. Em que queira atracar sem ser obrigada, ou por compulsão. Mas por plena opção, en-levada pelo conhecer da acolhida e, naturalmente, pelo coração.

Preciso de uma estação. Não um recinto de passagem, para troca ou tomada de uma condução qualquer. Tem de ser uma só, especial. Não quero me dividir, mas me multiplicar num só espaço. Que seja o seu. E que, então, meu, passe a ser nosso. E não dependa de períodos do ano... ou de temperaturas interiores, de humores.

Preciso de um abrigo. Angra em que anseie ter estada. Mais, muito mais que um teto, paredes, perceber pertencimento. O saber-se querida, bem-vinda. Ainda, além: desejada, ansiada.

Preciso de um refúgio. Não um esconderijo, mas morada. Mais que casa, lugar pra onde se anseia voltar, com sensação de seguro e conforto do afeto.

Preciso de chão. Terreno em que aspire firmar-me, estabelecer fundações, erguer estruturas, edificar sonhos, construir ideais... pessoais e plurais.

Preciso de um recanto. Onde ache o esperado... e a surpresa prazerosa. Sabor ímpar de estar sendo pensada, esperada... recebida com festa no olhar.

Preciso de um templo. Em que conjugue e consagre a união. Mais que um sítio de permanência: de imanência com o outro. Uma espécie de capela para os dois, em que se queira viver em oração, a-cor-dando grata vida em comum.

Preciso de um ninho. Espaço feito de abraço, no formato da meNina. Colo caloroso... na medida da meNina. Em que me alimente de doces abstrações e, bem nutrida, encontre impulso e parceria... para minha vocação de voar.

Ahhh, moldo-me ao amor ! Formas e medidas mudam. As dimensões de porto, estação, abrigo, refúgio, chão, recanto, templo, ninho... abraço, colo... dependem de dois. De dois seres motivados, devotados, encantados, vivos.



Preciso de...
É anseio humano.


Quem não ?