segunda-feira, 4 de junho de 2018
Portas abertas pra você
Cuido de casa.
Administração, faxina... abastecimento.
Moro só, sob teto que não é meu, como se fosse: zelando pelo empréstimo.
Faço o possível por mantê-la limpa, organizada, clara e arejada: fundamental.
Sem qualquer luxo ou pompa, decoração bem simples... mas com um certo requinte:
o mínimo para senti-la especial.
A área é, ao mesmo tempo, restrita e ampla.
Paredes altas para o padrão, contudo, sem quintal.
Um espaço fechado... de portas abertas a seus convidados.
Residência movimentada, de intenso vai e vem,
Constante entra e sai de seres e suprimentos: novidade todo dia !...
Entretanto, em que não entra qualquer um.
Sim, há seleção. Preconceitos todos têm. Ou seriam precauções ?! É preciso.
Condutas preventivas devem nortear a vida ao buscar o bem-estar.
Cuido de casa.
Uma habitação antiga, cinquentenária, regularmente conservada.
Já foi de outra forma, teve tintas novas, coloridos de mais frescor.
Recebe os reparos possíveis. Para o momento, está a contento.
Agrado-me dela. Aprecio o que me permitem suas janelas... largas, acessíveis,
de cortinas finas, frequentemente renovadas.
A vista, simples, conecta com o mundo mutante, de marcha constante.
Sensacional assistir à dinâmica do universo !
Cuido de casa.
Mas viajo bastante. Dou-me asas e vou lonnnnge !...
Conheço coisas, pessoas, seus templos e tempos.
Desfruto ao máximo o possível desses passeios. E sempre retorno enriquecida.
Mesmo quando nem tudo corre como o anseio, tem somado a favor.
Caminho um bocado... e é tão bom ter um lar pra onde voltar !...
Em que residir só não é solidão, mas solitude.
Em que silêncio agrega satisfação.
Onde há alimento, descanso... e atividade, a escolher.
Cuido de casa... com prazer.
Cuido de onde vivo... com carinho.
Conversando com as paredes, ouvindo seus sinais...
Dando atenção ao que se passa em interior.
Isso causa-lhe espanto ?
Cuido de mim.
Cuido de corpo... e de mente e peito, ainda mais.
Compõem meu lar.
E convido-o a visitar.
Pode entrar pela porta da poesia.
Ou da prosa...
Ou da fotografia...
Siga e...
Quem sabe chega ao coração da casa ?!